gravidez na adolescencia
Marília Carvalho Brasil2
Carlos Augusto dos Santos3
1. INTRODUÇÃO
“Ficamos, e agora?” Esta expressão traduz um pensamento muito comum atualmente entre os adolescentes e nos remete a dois momentos vividos por este segmento da população manauara, mas também por inúmeros adolescentes espalhados pelo País.
A primeira parte da expressão reflete o “ficar”, um estar junto, um simples namoro, que, na maioria das vezes, implica em um relacionamento sem grandes envolvimentos afetivos, algo sem muito compromisso, sem grandes responsabilidades e que se tornou muito freqüente entre os adolescentes brasileiros. Poderíamos arriscar dizer que se trata de um “estado de espírito” desta geração nascida ainda na metade da década de 80. Neste “ficar” repousa todas as crises, incertezas, alegrias e tristezas desta fase da vida, e que também se expressa em atos de uma juventude frente a uma sociedade cada vez mais individualizada, fragmentada e caótica. Todos estes fatores fazem parte desta trajetória de vida e que vem acompanhada, atualmente, de uma enorme carga de liberdade e sexualidade trazida de forma escancarada e avassaladora pela mídia e seus padrões de entretenimento.
Na segunda parte da expressão nos deparamos com um dos possíveis resultados deste processo: a gravidez na adolescência. “E agora?” Esta indagação é permeada por dúvidas que assaltam os adolescentes, causa vertigem. O que implica uma gravidez e um filho num momento como este? Qual a reação dos pais, dos amigos, das pessoas mais próximas? O que fazer no momento presente? Como pensar o futuro que não sinaliza para um céu de brigadeiro?
Se por um lado o comportamento reprodutivo das mulheres manauaras, nas últimas décadas, tem acompanhado a queda da fecundidade observada no Estado do Amazonas é, no entanto, nas idades mais jovens que observa-se um aumento acentuado nas proporções de nascimentos, fazendo parte do que