gravidez na adolescencia
O drama humano do aborto, como bem define o médico chileno Aníbal Faúndes, faz parte da vida de grande parte da população, direta ou indiretamente. Muitos já viveram o dilema de uma gravidez indesejada ou conhecem alguém que tenha passado por uma situação dessas. Para algumas pessoas, difícil mesmo é entender - e isto significa estar disposto a ouvir de fato - os motivos que levaram algumas mulheres, sozinhas ou com o apoio dos companheiros, a optar pelo aborto no lugar de ter um filho.
"Se não queria, por que não se preveniu?". Este é um dos argumentos mais constantes e mais simplistas também sobre o tema. Sabe-se que, apesar de tantos esclarecimentos sobre sexo na atualidade, ainda é muito comum engravidar sem planejamento. A falta de conhecimento e acesso aos métodos anticoncepcionais são apenas algumas das razões que podem levar uma mulher a engravidar sem a sua vontade. Segundo a Secretaria Nacional de Assistência à Saúde da Mulher, cerca de um terço das brasileiras em idade fértil não tem acesso a métodos contraceptivos no Brasil.
Seja qual for a razão que leve a mulher a tomar um remédio abortivo ou pagar alguém - especializado ou não - para fazer o procedimento ginecológico ou cirúrgico, a maioria que passou por um aborto não deseja repetir a experiência. O preço da ilegalidade, muitas vezes, é alto, pago com o próprio corpo, que pode sofrer mutilações, ou até com a vida. "É traumático, doloroso e extremamente desesperador",
Mas o que faz uma mulher optar por interromper uma gravidez mesmo correndo riscos enormes para a sua saúde e até para a sua liberdade? Obviamente, nenhuma mulher em seu juízo perfeito escolheria realizar um aborto. Contudo, há uma série de outros fatores envolvidos.
Um estudo recentemente publicado traz uma série de novas pistas para se esclarecer os motivos e o perfil das mulheres que realizam abortos no Brasil. Essa pesquisa, coordenada por Débora Diniz, antropóloga da