Graus da Conciencia
A consciência pode ser definida. De acordo com Hamilton, "podemos saber perfeitamente o que é consciência, mas não podemos sem confusão comunicar aos outros uma definição do que nós tão bem apreendemos, e a razão disso é bem simples: a consciência está na raiz de todo o conhecimento". Por seu lado, Baldwin explicou: "O que se chama consciência é o que nós somos cada vez menos à medida que caímos num sono sem sonhos, e o que somos cada vez mais à medida que um ruído nos acorda pouco a pouco".
A Psicologia clássica, para efeitos didáticos, dividiu a consciência em dois graus ou dois modos: consciência espontânea e consciência reflexiva. A consciência espontânea é a consciência direta, imediata; a consciência reflexiva, mediata, retorno do espírito sobre as idéias, as representações mentais. Lalande critica essa divisão e substitui, com muita propriedade, o termo consciência espontânea por consciência primitiva. Quer dizer, primitiva, porque contém o elemento básico, a essência, o conteúdo principal da consciência.
A consciência espontânea ou primitiva põe-nos em contato direto com o mundo exterior. A situação complica-se quando o homem encontra-se em presença de si mesmo, ou seja, suas próprias atividades podem converter-se para ele em objetos de sua percepção e cognição, como é o caso da introspecção. O voltar-se para si mesmo é o que denominamos de autoconsciência, aquela mesma ensinada por Sócrates há mais de 2500 anos. A esse procedimento chamamos consciência reflexiva ou consciência elevada à segunda potência.
A consciência reflexiva estimula o homem a olhar-se e olhar o mundo de diferentes pontos de vista, e remodelar, a qualquer momento, a sua própria personalidade. Cria-lhe condições de intervir, intencionalmente, no curso do seu próprio desenvolvimento, a fim de reestruturar suas relações com o ambiente. Ainda mais: essa função, a mais elevada da consciência, amplia consideravelmente o mundo do homem e o eu; liberta-o do fechamento