Gramsci no Serviço Social
Marcia do Rocio Santos
Mestre em Serviço Social (UFSC)
Doutora em Serviço Social (PUC-SP)
Ivete Simionatto em seu livro Gramsci: sua teoria, incidência no Brasil, influência no Serviço Social, hoje em sua 4ª edição, analisa no terceiro capítulo a produção no Serviço Social brasileiro orientada pelo referencial gramsciano tendo como ponto de partida o movimento de reconceituação latino-americano (1965-75), um movimento de ruptura que sublinhou as primeiras aproximações do Serviço Social à tradição marxista. A autora percorreu assim os primeiros autores e ideias como: Vicente Faleiros, Safira Ammann e Miriam Limoeiro Cardoso, esta última orientadora de dissertações de um grupo da PUC-RJ (p. 12-13). Ao final de 1970 um grupo da Universidade Federal do Maranhão também recorreu a orientação de Limoeiro entre elas, Franci Gomes Cardoso e Alba Maria Pinho de Carvalho as quais mais tarde organizam um núcleo de estudos gramscianos. Destas referências, os trabalhos de Safira Ammann e Alba Carvalho serão alvos privilegiados de análise no seu livro.
Conforme Simionatto, os equívocos teóricos e analíticos identificados nestes trabalhos não ofuscaram a importância pioneira destas formulações na apropriação do pensamento de Gramsci no Serviço Social no Brasil (1960 até meados de 1980). A maior parte da produção situa-se ao final da década de 1970 e metade da década seguinte. Com efeito, o período de introdução de sua obra e de seu pensamento no Brasil situa-se na atmosfera do regime militar e de todas as suas repercussões (social, política, econômica e cultural). Somente com a revogação do AL-5 (1979) e com o processo de abertura política é que se disseminam as categorias gramscianas na reflexão da política e no debate das ideias de forma mais coerente e sistemática, pois concretamente se permite e se ampliam as possibilidades de participação e de abertura democrática.
No universo acadêmico esse debate se