Graduanda

A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção
Milton Santos

No livro “A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção”, Milton Santos caracteriza, primeiramente, “espaço geográfico” como um conjunto de fixos e fluxos, estes como sendo um resultado indireto ou direto das ações que se instalam ou atravessam os fixos. Desta forma, acabam por modificar o valor e significação destes fixos, ao mesmo tempo em que, se modificam. Fixos e fluxos juntos e interagindo expressam a realidade geográfica, que deste modo, tornam-se um objeto possível à geografia.
O autor, a seguir, faz uma diferenciação entre configuração territorial e espaço, afirmando que estes não são sinônimos. Ressalta que a realidade da configuração territorial vem de sua materialidade, enquanto o espaço não é apenas materialidade, mas reúne tal categoria às relações sociais, estas como sendo as relações entre o homem e as coisas e o homem com o próprio homem. Traz a configuração territorial como uma construção histórica derivada das obras humanas. A configuração territorial tende a uma negação do natural e substituição por uma natureza, cada vez mais, humanizada.
Santos afirma que o espaço é constituído por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistema de ações. Em suma, define sistemas de objetos como conjunto de forças produtivas que é parte inalienável do espaço, já que este é delimitado por uma conexão de objetos. Porém, o espaço também é constituído pela vida que o anima, pelas relações sociais, o sistema de ação é o conjunto de relações sociais.
A interação de tais sistemas possibilita a técnica, interligada à criação de objetos, à transformação das coisas em objetos. Tal transformação só é possível por meio da ação intencional. Uma coisa só se torna objeto quando passa pelo simbólico, pela linguagem, categorias propriamente humanas. Portanto, objetos não podem ser separados do homem, pois são constituídos nas relações sociais.