O objetivo deste trabalho é compreender como o discurso dominante, no meio acadêmico, concebe o comportamento dos personagens a respeito da governança corporativa. Para tanto, percorremos todas as revistas brasileiras do campo da Administração e da Contabilidade qualificadas pela Agência de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como A1, A2, B1, B2 ou B3. Também investigamos os Encontros da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (EnANPAD) e as teses e dissertações dos programas de pós-graduação em Administração e Contabilidade qualificados pela Capes como 4, 5, 6 ou 7. Utilizamos a análise do discurso como instrumental de análise dos dados obtidos. Os resultados apontam a separação de papéis, o conflito de agência e o comportamento oportunista como temas principais do discurso sobre governança corporativa; discurso, este, que tem a segurança para investimentos em organizações capitalistas produtivas e o controle sobre o comportamento oportunista como ideologias dominantes. Como interdiscursos, temos os discursos do capitalismo e das ciências econômicas. Os temas controle, separação e expropriação têm sustentado a ideologia capitalista de direito da propriedade. A perspectiva comportamental dos personagens proprietários e gestores tem sido estruturada pela ideologia estrutural-funcionalista. Isso implica no direito de propriedade como valor a ser respeitado e na compreensão da ação sob a razão de maximizar a própria função utilidade. As arguições e discussões sobre governança corporativa tornam-se arguições e discussões sobre segurança e confiança dos financiadores de capital, o que resulta no subentendido da governança corporativa sob a significação de mecanismo de fixação de comportamento que simboliza a determinação de relações de modo a representar segurança e confiança. Diante disso, acreditamos que este trabalho, ao focar uma reflexão analítica sobre o campo de abrangência e análise da governança,