Glutamato
O glutamato exibe distribuição ampla e bastante uniforme no SNC, onde sua concentração é muito maior do que a observada em outros tecidos. O glutamato desempenha um importante papel metabólico, estando os reservatórios metabólico e neurotransmissor ligados entre si por enzimas transaminases, que catalisam a interconversão do glutamato e do oc-oxoglutarato (Fig. 32.1). O glutamato no S N C provém principalmente da glicose, através do ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs), ou da glutamina, que é sintetizada por células gliais e captada pelos neurônios, enquanto uma quantidade muito pequena provém da periferia. A interconexão entre as vias de síntese dos E AA e dos aminoácidos inibitórios (GABA e glicina), mostradas na Fig. 32.1, torna difícil o uso de manipulações experimentais de síntese de transmissores para estudar o papel funcional de cada aminoácido individual, visto que a ocorrência de distúrbio em qualquer etapa irá afetar os mediadores tanto excitatórios quanto inibitórios. A exemplo de outros transmissores, o glutamato é armazenado em vesículas sinápticas e liberado por exocitose cálcio-dependente. Existem proteínas transportadoras específicas responsáveis pela sua captação por neurônios e outras células e pelo seu acúmulo em vesículas sinápticas (ver Cap. 9). Ao contrário da situação observada na síntese e no transporte de monoaminas (Caps. 10 e 33), existem poucos agentes conhecidos (nenhum em uso clínico) capazes de interferir especificamente no metabolismo do glutamato. A ação do glutamato é interrompida principalmente pela sua recaptação mediada por transportador nas terminações nervosas e astrócitos vizinhos (Fig. 32.2). Em certas circunstâncias (p. ex., despolarização por aumento do K + extracelular), esse transporte pode operar de modo inverso, constituindo uma fonte de liberação de glutamato (ver Takahashi et al., 1997), um processo que pode ocorrer em condições patológicas, como na isquemia