Globalização
DOSSIÊ “GLOBALIZAÇÃO”
Apresentação
Giovanni Alves e
Francisco Luiz Corsi
A chamada “globalização” da sociedade capitalista, até pouco tempo atrás, era vista com enorme otimismo. A nova fase do capitalismo mundial abriria múltiplas perspectivas de desenvolvimento econômico, social, cultural e político para a humanidade. Estaríamos no umbral de uma nova era da história da sociedade moderna.
Muitos enxergavam a globalização de maneira exageradamente simplificada. Concebiam-na como a abertura das fronteiras nacionais, o que terminaria na formação de uma sociedade mundial cada vez mais integrada e regulada pelo mercado. A queda das barreiras comerciais, a livre circulação de capitais, a nova onda de inovações tecnológicas, a rapidez da circulação das informações etc., marcariam o início de uma nova etapa civilizatória, que levaria o capitalismo para um mundo sem fronteiras, auto-regulado pelos mercados, onde os
Estados nacionais teriam seu papel diminuído e tenderiam, quando muito, a transformarem-se em meros condutores da administração de problemas e interesses locais. As políticas neoliberais, que enfatizavam a adoção da estabilidade monetária e cambial, a redução do papel do Estado na economia e a liberdade para a circulação de mercadorias e capital, seriam as mais adequadas para alcançarmos esse novo estágio da economia mundial. Esse estágio abarcaria todas as regiões do mundo e garantiria a prosperidade geral. As inovações tecnológicas e organizativas do processo de produção, sob a égide da III Revolução Tecnológica e do toyotismo, libertariam os trabalhadores do trabalho alienado, recuperando sua criatividade, imaginação e iniciativa, abrindo espaço para a autorealização e para o ócio. Esse processo, inexorável,e representaria o ápice da história da humanidade. Restaria aos países adequarem se às transfor-
mações em curso e conformarem-se aos altos
custos