Globalização
Um processo “virtuoso” pode ser o antídoto A cura para alguns dos males da globalização pode vir da própria. É o que sugere o jornalista francês Carl Honoré, autor de Devagar: como um Movimento Mundial Está Desafiando o Culto da Velocidade. No livro, Honoré cita uma certa “globalização virtuosa”, ideia defendida pelo italiano Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food (algo como “comer devagar”). Nesse contexto, “mundializar” a cultura do Slow Food – o que agrada aos adeptos da agricultura familiar orgânica – seria uma maneira saudável de transformar em lucro o boicote à padronização do gosto promovida pelas cadeias de fast-food.
“Os militantes do Slow Food não se opõem à globalização em si mesma. Muitos produtos artesanais, do queijo parmesão ao tradicional molho de soja, podem ser transportados sem problema – e precisam mesmo de mercados em outros continentes para prosperar”, escreve Honoré. “Quando Petrini fala de uma ‘globalização virtuosa’, tem em mente acordos comerciais que permitam aos chefs europeus importar quinoa de uma lavoura familiar no Chile, ou ainda o tipo de tecnologia de informação que permita a um especialista em salmão defumado da Escócia encontrar fregueses no Japão.”
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O “antídoto” oferecido pelo próprio “veneno globalizatório” não se limita a essa cruzada gastronômica. Para o pesquisador Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute e autor do livro Plan B 3.0 (inédito em português), a solução para o aquecimento do planeta – fenômeno indissociável da globalização – virá, necessariamente, de um vigoroso empenho global em todas as esferas, que inclua de energias renováveis a prédios mais eficientes.
O biólogo Guilherme Karam, por exemplo, usa o que aprendeu no mestrado em Gestão de Áreas Naturais Protegidas, na Espanha, para atrair no estrangeiro empresas interessadas em conservar os remanescentes da floresta de Araucária no Paraná. Karam – que trabalha na Sociedade de Pesquisa