Globalização e democracia
Economia e política são aspectos inseparáveis de uma única realidade. Em 1989, a queda do Muro de Berlim assinalou o encerramento do ciclo da Guerra Fria, anunciando a reunificação alemã e a implosão da União Soviética. Esses acontecimentos, simultâneos à completa integração da China nos fluxos internacionais de mercadorias e investimentos, dissolveram a fronteira invisível que separava as economias estatizadas da economia mundial de mercado. Eles também representaram a senha para a introdução de um novo conceito na discussão geográfica, geopolítica e histórica: globalização. Os “ modernos” anunciaram o advento de uma nova era, que combinaria a estabilidade política com a abundância econômica – a era da globalização. Os nostálgicos do socialismo soviético lamentaram o advento de uma nova era, que combinaria a hegemonia das potências capitalistas com a pobreza das massas trabalhadoras – a era da globalização. Uns e outros avisaram que a nova era marcava a decadência do Estado-Nação e a submissão dos territórios nacionais às forças internacionais da globalização. No pós-guerra, a formação da Comunidade Européia gerou o aparecimento de uma corrente de teóricos do federalismo europeu, que defenderam o projeto de estruturação de um “super-Estado” capaz de se contrapor à hegemonia dos Estados Unidos, resistir à sombra ameaçadora da União Soviética e redimir as potências decadentes do Velho Mundo da perda dos seus impérios coloniais. Atualmente a evolução da União Européia e a criação de outros blocos geoeconômicos regionais alimentam o ponto de vista segundo o qual a globalização tropeça na tendência de regionalização da economia mundial.
A globalização é um fenômeno tão antigo quanto os Estados e seu desenvolvimento está associado às políticas definidas por eles. Ela atua sobre o espaço herdado de tempos passados, modificando-o e remodelando-o em função das novas necessidades. Uma nova geografia está sendo tecida pelos fluxos