Gestão estratégica

TICIANO x TINTORETTO: A BATALHA DA ARTE

O texto nos traz um exemplo de estratégias adotadas por dois pintores em uma época onde não se falava na arte da estratégia, mas que pode servir como um exemplo bem atual.

Na Veneza do século XVI, Ticiano instaurou um monopólio como principal nome da arte, utilizando já nessa época, um estilo diferente dos pintores outras épocas. Usufruiu da situação econômica da cidade-estado que usara da arte para retratar sua riqueza e promulgar status, através de edifícios e grandes pinturas.
Adotou o método de pintura em etapas, segmentando os processos, inovando no insumo utilizando tinta a óleo puro e abriu um atelier com vários assistentes. Sua técnica possuía o uso delicado das cores e trazia uma impressão muito suave e natural. Estava em um momento em que suas obras eram adquiridas por todo alto escalão de Veneza e foi considerado um mestre, dominando o mecenato das artes.
Por esse motivo não se estranhava o fato de Ticiano não ter nenhum concorrente direto, que colocasse em perigo, sua supremacia.
Tintoretto, porém, surge como ameaça que, sendo visto por Ticiano, na época em que foi um de seus assistentes, tratou de dispensá-lo de seu ateliê. Começou assim sua carreira independente e criou um novo estilo de arte, muito diferente do que Ticiano praticava.
Adaptava-se aos desejos de seus clientes, atendia a um amplo leque de pessoas e executava trabalhos menos nobres. Sua técnica ficou conhecida como “Maneirista” e permitiu que suas obras fossem pintadas mais rapidamente, o que aumentava a velocidade de sua produção. Além disso, por sua origem pobre, Tintoretto atendia a clientes para sua sobrevivência e cobrava valores mais baixos do que as obras de Ticiano.Tal fato fez com que suas obras sejam vistas em locais menos importantes de Veneza.
A trajetória de Tintoretto fez com que fosse criada uma nova demanda de mercado, já que não achava prudente desafiar seu rival em seu “território”, que já estava bem consolidado.