APRENDA A DAR AS CARTAS: DELEGAR É O NOME DO JOGO Por Daniela Diniz O que faz um bom líder? Faça essa pergunta ao consultor moçambicano Ricardo Vargas -- diretor-geral da rede internacional de consultoria e treinamento TMI no Brasil e em Portugal -- e você se surpreenderá com a resposta. "O líder deve ser preguiçoso e estar disposto a se tornar cada vez mais inútil", diz. "Ele deve ter uma preguiça que o leve a querer despojar-se sempre das responsabilidades, atribuindo-as a outros e exigindo novos desafios." Sim, a idéia soa estranha num cenário em que as pessoas precisam demonstrar cada vez mais utilidade nas empresas. Mas o ponto de Vargas é: líder que é líder sabe delegar. Em seu livro A Arte de Tornar-se Inútil (editora Pearson), Vargas dedica um capítulo à transferência de responsabilidades. Delegar, diz ele, é um processo bem mais complexo do que simplesmente passar tarefas para a frente. É também algo fundamental para a organização. "A maior parte dos problemas nas empresas começa ou termina como déficit de responsabilidade", afirma Vargas. Saber delegar não só minimiza as falhas e frustrações nos projetos como traz ganhos para a carreira de quem lidera e de quem é liderado. Se o líder deixa de assumir todas as responsabilidades, tem mais tempo para se desenvolver. Os funcionários, ao assumir novas funções, tendem a se tornar mais competentes para lidar com o mercado. Sem falar que o trabalho é racionalizado e todos têm a oportunidade de se envolver com assuntos diversos, o que estimula o aprendizado. Apesar dessas vantagens, Vargas lembra que é comum encontrar chefias sobrecarregadas ao mesmo tempo que alguns membros da equipe estão subaproveitados. "Para evitar isso, o chefe deve se perguntar: quem, além de mim, poderia realizar essa tarefa? A necessidade de transferir responsabilidade deve estar sempre presente", diz. Ter consciência de que delegar é preciso é o mais importante. Além disso, é necessário saber enxergar as responsabilidades e aprender a