CAPÍTULO III Contradição nos caracteres de certos povos do sul Os indianos são naturalmente sem coragem; os próprios filhos dos europeus nascidos nas índias perdem a coragem que teriam em seu clima. Mas como combinar isto com suas ações atrozes; seus costumes, com suas penitências bárbaras? Os homens submetem-se a males inacreditáveis, as mulheres queimam a si mesmas: é muita força para tanta fraqueza. A natureza, que deu a estes povos uma fraqueza que os torna tímidos, deu-lhes também uma imaginação tão viva que tudo os impressiona em excesso. Esta mesma delicadeza de órgãos que os faz temer a morte também serve para fazê-los temer mil coisas mais do que a morte. A mesma sensibilidade faz com que fujam de todos os perigos e com que enfrentem a todos. Assim como uma boa educação é mais necessária para as crianças do que para aqueles cujo espirito já está maduro, assim também os povos desses climas têm mais nécessidade de um legislador sábio do que os povos do nosso. Quanto mais somos fácil e fortemente impressionados, mais é importante que o sejamos de uma forma conveniente, não aceitemos preconceitos e sejamos conduzidos pela razão. No tempo dos romanos, os povos do norte da Europa viviam sem artes, sem educação, quase sem leis; e no entanto, somente pelo bom senso ligado às fibras grosseiras destes climas, eles resistiram com uma sabedoria admirável ao poder romano, até o momento em que sai de suas florestas; para destruí-lo. CAPÍTULO IV Causa da imutabilidade da religião, dos costumes, das modos e das leis nos países do Oriente Se a essa fraqueza de órgãos com que os povos do Oriente recebem as impressões mais fortes em todo o mundo juntarmos certa preguiça de espírito naturalmente ligada à do corpo, que faça com que esse espírito não, seja capaz de nenhuma ação, de nenhum esforço, de nenhuma contenção, compreenderemos que a alma que uma vez recebeu as impressões não pode mais trocá-las. É o que faz que as leis, os costumes e os modos, até mesmo aqueles, que