Gerencialismo no Estado
O Estado gerencial não é uma invenção do nosso tempo, como se pode inicialmente supor. Como mostrou Foucault (1979; 1998), o Estado gerencial é fruto de sua contínua racionalização, iniciada a partir de meados do século XVI, e se caracterizou pela implementação de tecnologias de governo, ou seja, técnicas e procedimentos destinados a dirigir a conduta humana, cujos mecanismos de poder e saber foram aperfeiçoados, com o passar do tempo, com o conhecimento fornecido pelas ciências sociais e humanas. O Estado gerencial baseia-se na utilização de todo um conjunto de conhecimentos e técnicas de poder, que tem como foco a vida das populações, cujo intuito primeiro é administrá-las com vistas à normalidade. Tecnologias, essas, que foram resumidas por Foucault (1979) em uma palavra: governamentalidade.
A governamentalidade é definida por Focault (1979) como a conduta da conduta, sua intenção é orientar, ajustar ou conformar o comportamento dos indivíduos de modo que eles se tornem pessoas de certo tipo. Para o Estado exercer plenamente a governamentalidade, o conhecimento político e a utilização dos indivíduos torna-se de importância fundamental. Esse saber deve incluir o conhecimento das capacidades, habilidades e inclinações dos sujeitos para que possam ser utilizados como instrumentos para os fins do Estado.
Uma das tecnologias de governo utilizadas pelo Estado governamental, com o objetivo de disciplinar as populações, foi o desenvolvimento da burocracia. A burocracia é um