gerações
PROF. CARLOS HENRIQUE
EXERCÍCIOS
Você vai ler, a seguir, um trecho do Sermão da Sexagésima, um dos mais importantes de Vieira. Nesse sermão, o autor, ao mesmo tempo em que desenvolve a temática religiosa de costume, aproveita para também discorrer sobre a arte de pregar por meio dos sermões. O texto é um exemplo da grande habilidade de pregador de Vieira.
“Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo pode preceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelhos e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não de pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, , há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão da alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte , por qual deles havemos de entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?
Primeiramente, por parte de Deus, não falta nem pode faltar. Esta proposição é de fé, definida no Concílio Tridentino, e no nosso Evangelho a temos. [...]
Sendo , pois, certo que a palavra de divina não deixa de frutificar por parte de Deus, segue-se que ou é por falta do pregador ou por falta dos ouvintes. Por qual será? Os pregadores deitam a culpa aos ouvintes,