Geotecnologia
Limites e potencialidades
Lucas Melgaço
Mestrando em Geografia Humana – USP
Campinas, outubro de 2003
O meio técnico científico informacional
Para entender o atual momento histórico, um interessante recurso de método é o uso da periodização. Historiadores, economistas e sociólogos já propuseram periodizações muito úteis, mas incompletas no sentido em que levam em conta apenas as relações sociais, deixando de lado a materialidade, o “sistema de objetos”, o território. É nesse sentido que Milton Santos (1996; 2001) propõe uma periodização baseada na sucessão dos meios geográficos no Brasil. Ele identifica três grandes momentos: os meios “naturais”, os meios técnicos e o meio técnico científico informacional. O primeiro momento é aquele em que ainda a natureza comandava a maioria das ações humanas. As técnicas e o trabalho eram totalmente associados às dádivas da natureza. Esse é o período do “tempo lento” e que vai do surgimento do homem em sociedade ao advento das máquinas. O meio técnico-científico surge quando o homem começa a se sobrepor sobre o “império da natureza” através da construção de sistemas técnicos. As máquinas (ferrovias, portos, telégrafos) são incorporadas ao território, mas de forma seletiva, sendo este meio caracterizado pelas desigualdades regionais. Dessa forma o progresso técnico era geograficamente circunscrito, se instalando em poucos países e regiões. Após a segunda guerra mundial até a década de 70 temos um período de transição que podemos considerar com o meio técnico-científico. É o período da tecnociência, ou seja, é quando a ciência passa a estar intrinsecamente ligada à técnica e regida pelas leis do mercado. A partir da década de 70 temos o surgimento do meio geográfico atual, o meio técnico-científico e informacional (SANTOS, 1996; 2001), em que a informação passa a ser variável fundamental no período de globalização, de constituição de um mercado