George símel
O autor das penetrantes análises do papel do dinheiro na vida social certamente trabalhava num registro muito próprio e muito singular. Nele, tudo aquilo que serviria de referência firme para figuras menores — a sociedade como totalidade abrangente, a integração dos indivíduos no conjunto social, a racionalidade como sentido nítido de cada ação, o cálculo eficaz na troca de equivalentes como paradigma da interação — é posto em questão. Os grandes sociólogos europeus da fase pioneira tinham uma percepção aguda daquilo que percebiam como a dimensão trágica da vida social, pela qual esta é levada a produzir as condições mesmas que irão subtrair aos homens o gozo daquilo que a própria sociedade promete, a começar pela possibilidade de sentir-se nela chez soi. Nisto Simmel nada perde para Weber nem para Durkheim, em quem só uma leitura desatenta ocultaria o tema, oculto na sua linguagem severa mas nem sempre inteiramente