Geopolitica
“geopolitique” [...] Cada nação tem a geopolítica que pretende [...]
Assim sendo, temos de olhar para a Geopolítica alemã como produto de um povo envolvido numa luta pelo domínio mundial.
Hans W. Weigert (1942: 22-23)
1. A Geopolítica da primeira metade do século XX tem múltiplas histórias relevantes, simultaneamente paralelas e concorrenciais – a portuguesa, a espanhola, a francesa, a italiana, a russa, a japonesa etc. –, daí a pertinência em falar-se preferencialmente no plural, em geopolíticas, em vez de geopolítica no singular, como um campo do conhecimento unitário. Neste contexto, de pluralidade de abordagens, é necessário traçar com clareza o objecto do nosso artigo, o qual é bastante mais restrito, sendo apenas centrado naquelas que podem ser consideradas as duas versões mais importantes da(s) geopolítica(s) europeia(s) – a germânica e a britânica – e nos traços essenciais que as fundamentam e individualizam.
Assim, nesta análise, propomo-nos passar em revista os traços fundamentais desta(s) geopolítica(s) da primeira metade do século XX, que designamos por
«geopolítica clássica», tendo essencialmente em conta os trabalhos de referência dos seus dois maiores expoentes e rivais – o alemão Karl Haushofer e o inglês Halford
John Mackinder. O principal objectivo é o de procurar, na abundante literatura teórica que entretanto foi publicada sobre o tema, novas perspectivas sobre a ascensão e
1 Artigo originalmente publicado na revista Nação & Defesa 105 Verão (2003): 222-244. Desta versão não consta a bibliografia utilizada na elaboração do mesmo.
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queda de uma «ciência», a qual, para o bem e para o mal, deixou a sua marca