geometria
As eleições de 2014 podem/devem ser um marco e um momento referencial para um novo ciclo da democracia brasileira. Passou o tempo da ditadura, a redemocratização alimentou esperanças e cidadania, politicas públicas democráticas trazem novas exigências de futuro. Sem reformas profundas, adiadas desde os anos 1960, a democracia brasileira não irá avançar. Enfrentar e superar a grande desigualdade social e econômica ainda existente, aproximar o Estado do cidadão, ter serviços públicos de maior qualidade são os desafios que se colocam no horizonte. O poder está num processo de mudança de natureza que revelou a sua força neste primeiro turno. A política pode - e deve - ser mais do que uma hábil apresentação de empenho no poder pelo poder. A democracia brasileira é bem mais do que o triunfo do número e dos procedimentos eleitorais. Repousa na convicção de que as luzes da razão tornarão compatíveis as aspirações individuais. Cada escolha individual só será legítima se continuar compatível com outras escolhas, outras prioridades. A sociedade não é um mecanismo implacável. Admitir a parte importante do que é aleatório é condição essencial da relativa estabilidade experimentada pela sociedade brasileira em nossos dias. A comunidade política depende, em primeiro lugar, da vontade dos indivíduos que a compõem. Nos dias de hoje, a organização democrática da interdependência entre comunidades diversas supõe que o compromisso se torne a regra. E ainda que instituições sólidas realmente organizem entre as diferentes comunidades as mais sólidas vinculações, numa negociação permanente e múltipla. A melhor sociedade é a que permite ao indivíduo ser o juiz dos objetivos fundamentais de sua vida, e que se desenvolve graças ao movimento que cada um infunde à sociedade a que pertence. A globalização nos obriga a retomar a reflexão sobre essa liberdade, sobre seus fundamentos e seus limites.A política e a democracia