geografia
Capítulo 10 – Contas
Fabiano recebia, pelo seu trabalho, parcelas dos animais que criava. No entanto, por não ter terra própria e pegar constantes empréstimos com seu patrão, sempre vendia seus bezerros e cabritos para seu próprio patrão, por preço muito menor que o de mercado. Vivia, então, endividado.
Certa vez tentou vender cortes de um porco na cidade, mas foi surpreendido por um fiscal do governo que queria lhe cobrar imposto. Desistiu então de negociar, todos o roubavam.
Com seu patrão iniciava a discutir quando via que as contas dele não batiam com as de Sinhá Vitória, mas sob a mínima ameaça de ser expulso da fazenda se redimia, aceitando que talvez sua mulher é que estivesse errada. No fim das contas, aceitava seu destino: “Quem é do chão não se trepa”. Sabia que era roubado, mas também sabia que não podia fazer nada quanto a isso.
Na cidade, após uma dessas discussões com o patrão, com os poucos trocados que sobraram em suas mãos, Fabiano pensou em ir à bodega tomar uma pinga, mas esquivou-se, lembrou-se da discussão arranjada na última vez que fez isso. Preferiu evitar.
Em casa, não conseguiu dormir. Queria pensar em um futuro, mas não havia. Continuaria morando em casa de outros, trabalhando enquanto permitissem, até precisar sair novamente pelo mundo para morrer de fome na caatinga seca. Tentava lembrar fatos agradáveis, que poderiam tornar a vida menos má, mas nem isso conseguia. Foi ver o céu, cada vez mais estrelado (primeiro sinal da volta da seca). Pensou na