Na década de 80, as relações entre União Soviética e Estados Unidos melhoraram e, aos poucos, os habitantes dos países europeus comunistas tiveram o trânsito facilitado para o resto do continente. O grande muro foi construído para acabar com o êxodo dos alemães do lado oriental para o ocidente. À época, o governo comunista justificou a decisão dizendo que esta era uma forma de acabar com “o contrabando de divisas e a atividade dos espiões”. Para se conseguir atravessar de um lado a outro, era preciso passar por 18 operações de controle alfandegário, incluindo a revista das malas e bagagem, da carteira de dinheiro, do carro, além de um estudo minucioso do passaporte – tudo sob a mira de um guarda com o dedo no gatilho da metralhadora. De tempos em tempos, o governo comunista fechava a única porta entre os dois territórios, juntamente com todas as ferrovias, rodovias e linhas fluviais que ligavam as duas capitais Ainda em 1980, antes de ultrapassar a fronteira entre a parte Ocidental e Oriental, o carro era vasculhado de cima abaixo. Fiquei chocada, pois isso acontecia em um mesmo país. Na verdade, eram dois muros, divididos por um campo minado, que limitavam o direito de ir e vir das pessoas e representavam dois regimes políticos. Na parte oriental, o cenário era composto por uma população que vivia em extrema precariedade. Não era difícil encontrar pessoas catando papelão nas ruas. Havia falta de alimentos e de óleo para a calefação das casas. Ao voltar para o lado ocidental, o perfil de consumismo de bens capitalistas destacava outra realidade. Em 1989 A atmosfera por lá era tensa. As embaixadas alemãs já haviam sido ocupadas em outros países, como em Varsóvia, na Polônia. Muitas pessoas temiam que houvesse massacres, como ocorreu na China. De um lado, havia um esforço para acabar com um sistema autoritário e opressor, e de outro, vivia-se o dia a dia capitalista. Para passar de uma Berlim a outra a pé, conseguia o visto de um dia. No Controle de