genetica
As faces da infância em contextos de violência física intrafamiliar1 Rosângela Francischini2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Resumo: O Estatuto da Criança e do Adolescente, legislação que estabelece os direitos e as garantias dessa parcela da população, especifica que a criança é um sujeito em momento especial de desenvolvimento e que deverá estar protegida de toda forma de violência, agressão, negligência, dentre outras ações que possam prejudicar esse desenvolvimento. Reconhecer o caráter “especial” atribuído à condição de/do ser criança tributário, principalmente, dos saberes
“Psi”, implica assumir a necessidade de práticas sociais igualmente especiais.
Dessa forma, a família, a escola e as demais instituições socializadoras mobilizam-se, ou, ao menos deveriam fazê-lo, no sentido de tanto serem agentes na efetivação dos direitos e garantias estabelecidos pelo referido
Estatuto, quanto de denunciarem casos em que a transgressão do mesmo ocorre.
Essa realidade – de transgressão - atinge uma parcela significativa de crianças, visto que seu cotidiano é permeado pelas mais variadas formas de violência, dentre as quais destacamos a violência física intrafamiliar. Como essas crianças concebem sua própria “condição de infância”? O que justifica, no olhar da criança, a prática de violência por membros de sua família? A partir dessas reflexões é que realizamos esta investigação, procurando compor uma concepção de infância considerando os sentidos e valores que essa população atribui à sua condição. Para a efetivação desse objetivo participaram da pesquisa sete crianças, na faixa etária de 7 a 12 anos, sobre as quais haviam sido encaminhadas denúncias de violência intrafamiliar ao SOS Criança, do município de Natal/RN. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, produção e interpretação de desenhos e a história de Pinóquio, como desencadeadores do discurso das crianças. Na análise do corpus da pesquisa