Genealogia d amoral
Neste livro Nietzsche vai discutir a origem dos sentimentos morais. Não será trabalhado nenhum motivo transcendente, nenhum Deus que veio a revelar ao homem princípios para controlar o modo de agir e se comportar, mas sim investigará como surgiu entre os povos o juízo bom e mau. O livro se divide em três dissertações que tratam respectivamente da origem dos conceitos bom e mau, da culpa, má consciência e coisas afins, e por último do valor do ideal ascético. Na primeira dissertação Nietzsche irá desenvolver a ideia já apresentada em Humano,
Demasiado Humano e Para além do Bem e do Mal de que existe uma dupla origem para nossos juízos de valor, resultante de duas formas distintas de avaliar a vida: a moral dos senhores e a moral dos escravos. A moral dos senhores, que afirma a vida, elabora seu conceito de bom a partir de si mesma. Eu sou bom, eu sou belo, eu sou forte, eu sou perfeito. Em oposição cria o conceito ruim para tudo aquilo que é baixo, vulgar e plebeu. Nietzsche busca as raízes etimológicas dos conceitos de bom e mau em várias línguas, e imagina o contexto em que surgiram, afirma que seriam primeiramente características próprias da nobreza, que as classes inferiores tentariam copiar, por isto as tachando de “boas” . Com o advento do cristianismo, que prega que o bom é aquilo que é pobre, simples e sem força, esta moral teria se invertido. Refuta também a visão de que estes conceitos foram ensinados ao povo por sua utilidade como queria os psicólogos de sua época, e afirma que surgiram pela influência de povos dominadores sobre povos dominados. Já a moral dos escravos nasce do ressentimento, é sempre uma reação ao que lhe vem de fora. Assim sendo, seu conceito original é o mal para designar todo não-eu. Os senhores são o mal, seus deuses são maus, seus costumes perniciosos. Com uma lógica surpreendente inferem: eles são o mal, logo, nós somos o bem. Eles são maus, nós somos bons.
Este mundo dos