O pensamento de Galileu A invenção do telescópio por Galileu no século XVII abriu à investigação um universo de proporções nunca antes contempladas, mas a importância foi maior no seu caráter de prova e documentação, do que dos objetos e fenômenos em si observados. Viu-se, a partir de então, o desvanecer de toda a hierarquia medieval das esferas e corpos celestes. O fenômeno essencial passa a ser o movimento regido pelas leis quantitativas da mecânica que submetidas ao cálculo matemático firmava uma nova concepção da natureza universal. Ocorre assim, no pensamento de Galileu, uma relação estreita entre a observação astronômica e a pesquisa teórica. Num âmbito geral cria-se uma metodologia que vincula de forma recíproca dois elementos fundamentais: o exame empírico, obtido por meio dos sentidos, e a compreensão racional, obtida pela demonstração lógico-matemática. Estes dois elementos fundamentais, integrados por Galileu no seu método, já aparecem, mas de forma diversa e isolada, com o empirismo indutivo de Francis Bacon, e o racionalismo dedutivo de Descartes. Galileu difere de Descartes por buscar no fato observado uma necessidade intrínseca vinculada a causa que o produz, que se suprimida o fato não ocorre. Assim a dedução de Galileu não está separada da experiência, mas unida a ela. A dedução de Descartes, por sua vez, se faz a priori, isto é, resulta do pensamento lógico que se abre, a cada etapa, às possibilidades, dentre as quais, uma única realizada torna-se contingente. A experiência teria para Descartes unicamente a tarefa de averiguação post eventum, não sendo previsível devido a ausência de uma necessidade causal. Para Galileu a causa, uma vez estabelecida sempre produzirá o evento. Já o método empírico de Bacon visa a comprovação dos fatos pela observação, ele valida os fatos observados e não necessariamente outros, o que o aproxima do modo indutivo aristotélico. Galileu difere de Bacon afirmando que este método é pretensioso ao passar dos casos