Gadamer e koselleck
O complexo debate entre Hans-Georg Gadamer e Reinhart Koselleck no que concernem suas visões sobre história, hermenêutica, compreensão, verdade e outros termos tão recorrentes na história da historiografia e nas ciências humanas, tem sua matriz na ontologia de Martin Heidegger. O presente texto tem a tarefa de expor de maneira sucinta e objetiva, suas concordâncias e suas divergências. Contudo, convém em primeiro lugar, expor de maneira breve alguns conceitos da filosofia heideggeriana dos quais estes dois filósofos se apoiaram para construir seus argumentos e estabelecer um debate crítico principalmente sobre história e hermenêutica. Em seguida, pretende-se apresentar as ideias de Hans Georg Gadamer e seu debate com Koselleck para respondermos à questão proposta. Heidegger e o Dasein
Martin Heidegger, em seu ilustre livro “Ser e tempo” se esforça em construir uma filosofia na qual se pode pensar o homem, a partir do problema fundamental da existência no tempo. Em outras palavras, a existência do homem só pode ser compreendida através de sua experiência cotidiana prática e finita com o tempo. O termo alcunhado por Heidegger intitulado dasein, que pode ser traduzido como “ser-no-mundo” é chave para a compreensão de sua visão. Ora, sendo o homem finito e circunscrito naquilo que chamamos de tempo, o homem se entende como um ser que irá morrer. A consciência da morte é o que define para Heidegger a sua experiência temporal.
Nesse sentido, Heidegger procura também trazer o problema da história para o centro de sua filosofia, no sentido de que o homem, enquanto experimenta sua vida em sua experiência histórica com o tempo, a história cumpre um papel diferente no qual ela mesma constitui a própria essência existencial humana. Aquilo que seria o objeto da história, ou seja, o passado, não é um objeto que se encerra e tem um caráter fugaz e distanciado. A história se faz pela própria experiência do homem consigo mesmo, no constante devir de sua