Gabriel marcel
- Responsabilidade Ética - Responsabilidade Social
É neste momento que a teorização de DUSSEL (2002) abre espaço para a discussão em torno do que ele considera como sendo “responsabilidade”. Ao assumir o reconhecimento e a responsabilidade pelo outro, pela vítima, estamos dando a possibilidade da crítica. Conforme comenta DUSSEL: “A responsabilidade entra em jogo como “crítica” e transformação das causas que originam a vítima como vítima”. (2002, p. 381)
Neste ponto é válido ressaltar, antes de tudo, que o reconhecimento responsável da vítima, embora afirme o outro, o faz a partir da negatividade originária, ou seja, o fato de ser vítima no sofrimento de sua corporeidade. Vale ressaltar, que o mero reconhecimento não é um ato ético, pois não inclui um dever-ser. A ênfase está na responsabilidade pela vida negada do outro, como expõe DUSSEL: “Trata-se de uma negação ética de uma negação empírica. A passagem por fundamentação do juízo de fato (“ Há uma vítima!”) para o juízo normativo (“Devo responsavelmente tomá-la a cargo e julgar o sistema que a causa!”). (2002, p.379)
A responsabilidade deve ser encaminhada como crítica e transformação das causas que originam a vitimação. É a indignação diante das injustiças, perversidade que lesam a integridade do outro. A transformação inicia-se pela própria responsabilidade da crítica da norma, ação, instituição ou sistema de eticidade indicando que o princípio material universal da ética não é só a reprodução, como também, o desenvolvimento da vida humana na história. É necessário criticar a ordem estabelecida para que a impossibilidade de viver destas vítimas se converta em possibilidade de viver melhor. Deste modo, é a partir da exterioridade das vítimas que a totalidade é negada, assumida e transformada. Neste sentido é necessário transformar para criar algo novo.
Por isso tudo, a ética da libertação pode ser vista como uma ética da responsabilidade radical, já que defronta com a