Fenomenologia e Metafísica da Esperança em Gabriel Marcel
O presente estudo, embasado, sobretudo, no capítulo “Esbozo a una fenomenologia y metafísica de la esperanza” da obra Homo Viator do filósofo existencialista francês Gabriel Marcel, apresenta, a partir de uma perspectiva fenomenológico-metafísica, o tema da esperança. A existência humana, segundo Marcel, é essencialmente itinerância. Um movimento; um peregrinar orientado por um propósito. Ao nascer, o homem dá início a sua jornada neste mundo, no qual não tem morada definitiva. Existir é caminhar e não deixar nunca de caminhar. O peregrino não é uma mônada, ou, um eu transcendental, mas sim um ser encarnado, concreto e singular. Sempre situado no mundo, e, por ele constantemente influenciado, o peregrino se engaja para transformá-lo, para dar-lhe sentido. É alguém que caminha sempre em busca de ser mais do que é. O peregrino, ao contrário do andarilho solitário, caminha engajado, com os outros. Assim, o peregrinar é a condição de possibilidade para encontrar respostas àquelas interrogações mais profundas e decisivas que surgem na vida ao longo do caminho. O amor e a fidelidade é o fundamento da verdadeira comunhão intersubjetiva. Esta é o pressuposto básico para o surgimento autêntico da esperança. Sempre como exigência ontológica do homem, a esperança se constitui num apelo que nasce do mais profundo do ser no momento do sofrimento, da mais sofrida provação; ali onde intervém a tentação de desesperar. A esperança, como disponibilidade do eu espero, consiste no ato que transcende o querer e o conhecer, e afirma a perenidade vivente do ser no horizonte aberto e fecundo da comunhão intersubjetiva.
1 INTRODUÇÃO
No presente trabalho aborda-se, a partir de uma perspectiva fenomenológico-metafísica, o tema da esperança no pensamento do filósofo existencialista francês Gabriel Marcel. Fundamenta-se a pesquisa, sobretudo, no artigo "Esbozo a una fenomenologia y metafísica de la esperanza" da obra Homo