Gabarito ENADE 2009
ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL
Juliana Vital (CPGA/UFSC) 1
Carlos Alberto Karam (CPGA/UFSC) 2
1. INTRODUÇÃO
A teoria da administração tem suas origens na preocupação com a produtividade, dominante a partir da Revolução Industrial. Por Revolução Industrial deve-se entender um longo processo que se inicia no final do século XVIII e que implica uma mudança radical na cultura material do Ocidente (MOTTA, 2001). Esse é um período de grande mobilidade e de grandes deslocamentos sociais. Essa mudança favorece consideravelmente a burguesia, dando um salto ascendente na sua trajetória. Nesse contexto, a palavra de ordem é a eficiência organizacional, objetivando um maior resultado para os detentores do capital. Segundo Tragtenberg
(2006), é o taylorismo a tradução administrativa da lógica e dos interesses da burguesia, num momento dado de seu desenvolvimento histórico. Porém, a fim de ser melhor aceita na sociedade, esse tipo de teoria que privilegia uma determinada classe social é então encoberta com a neutralidade do rigor científico. Habermas expressa essa idéia em seu livro intitulado Técnica e ciência como ideologia, originalmente publicado em 1968.
A vida humana associada passa a ser considerada com base nos valores de eficiência e resultado, atendendo prontamente a lógica de mercado imposta por essa forma de produção.
Passados dois séculos, as teorias administrativas se sofisticaram, porém refletindo a lógica do capitalismo flexível, herdaram características das antigas escolas de administração e continuam validando sua ideologia dominadora.
Guerreiro Ramos (1981, p. XV), em sua principal obra intitulada A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações, publicado no Brasil em 1981, também proclamava que “a ciência social e administrativa nada mais é do que uma ideologia legitimadora da sociedade centrada no mercado”. Por detrás do discurso da teoria das organizações, dominante nos