Física de Aristoteles
O texto da Física (fonte: Henri Carteron)1 Os manuscritos da Física são muito numerosos; o melhor e mais autorizado é ainda hoje o manuscrito E. Ele data do começo do séc. X, mas certos traços, como a ausência de acentuação e de separação entre as palavras, e seu acordo com a versão árabe-latina e com o comentário de Averroes, permitem crer que seu texto foi fixado desde o séc. VIII. O manuscrito E é muito correto tanto gramaticalmente quanto aristotelicamente. Mas suas qualidades não são garantia de originalidade, e pode-se suspeitar de que o copista de E corrigia o original. Além desses problemas, há muitos autores importantes (Mansion, Diels) que não acham as qualidades desse manuscrito tão marcantes, e que assinalam nele muitíssimos problemas (de omissão, de adição, de confusão, de distração). Convém sempre, portanto, consultar os outros manuscritos. Duas edições muito utilizadas do texto grego, que usam diversos manuscritos, são a de Bekker (1830-1831) e a de Ross (1936). Este é o caso, por exemplo, da tradução de Lucas Angioni, que estamos seguindo neste curso: ele usa as duas edições, mas também difere delas em muitas passagens.
Autenticidade e unidade da obra (fonte: Henri Carteron) A autenticidade da Física é assegurada por muitas razões: por seu conteúdo, pelas referências de Aristóteles à sua obra, pelas citações de Teofrasto e Eudemo, e pela tradição. A autenticidade desta obra nunca foi contestada. As dificuldades surgem a propósito de seu título: o título atribuído por todos os manuscritos é Physiké Akróasis. Aristóteles cita os primeiros livros (I a IV) muitas vezes com os nomes de Physiká e Tà perì phýseos; e os últimos livros com os nomes de Tà perì kinéseos. Nada consta também contra a unidade da obra, cujas partes são estreitamente unidas, exceção feita talvez pelo livro VII.
A posição da Física e sua relação com a Metafísica (por Enrico Berti)2 Há uma questão que produz controvérsias entre os estudiosos