Fármacos Contraceptivos
Desde o início da indústria farmacêutica, na segunda metade do século XIX, muitos dos medicamentos lançados proporcionaram mudanças expressivas no tratamento de diversas doenças, alterando a sua evolução, com significativa melhora da qualidade e da expectativa de vida. Mas muito poucos provocaram, desde o seu lançamento, tanto impacto no comportamento das pessoas, levando a debates e polêmicas, no âmbito científico, social, religioso, moral e ético, como a pílula anticoncepcional.
A primeira foi produzida e lançada nos EUA em 1960; a segunda, de origem alemã, no ano seguinte, na Europa e Austrália. A pílula continua sendo, até hoje, a primeira opção entre os métodos anticoncepcionais, em quase todo mundo. No Brasil, ela surgiu em 1962, sendo utilizada, segundo dados oficiais, por 21% das mulheres em idade reprodutiva, o que equivale, em números de comercialização de 2004, a mais de 11 milhões de usuárias.
Na aprovação, pela FDA (Food and Drug Administration), em 23 de junho de 1960, a pílula recebeu críticas da comunidade científica, temerosa da exposição das mulheres a riscos pela falta de uma avaliação adequada da segurança do produto. Mas significou o final de uma longa trajetória que se iniciara no começo do século XX, com os trabalhos do fisiologista austríaco Ludwig Haberland que, em 1922, demonstrava a possibilidade de se produzir "esterilização hormonal temporária", com a inibição da ovulação e da gravidez em animais férteis. Sendo identificado, posteriormente, o hormônio progesterona como o responsável pela ação.
Em 1939, Russell Marker, químico da Penn State University, que procurava fontes naturais para extração de progesterona, começou a pesquisar a raiz de uma planta usada pelos índios mexicanos e conhecida como "yam" ou "cabeza de negro". Com o desinteresse dos americanos pela descoberta, ele montou um pequeno laboratório farmacêutico no México para a pesquisa e produção. Após alguns anos, desiludido, abandonou