Futebol e Nacionalismo de Ocasião
Renan APUK1
Fernando Oliveira PAULINO2
Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal
Resumo
O artigo analisa desdobramentos decorrentes da divergência de opiniões sobre jornalismo esportivo pelos profissionais do canal de televisão paga ESPN Brasil e o treinador da seleção brasileira de futebol Luiz Felipe Scolari. Durante a Copa das Confederações 2013, sediada no
Brasil, as partes originaram debate público relacionado às bases éticas do jornalismo. Scolari expressou sua insatisfação com a cobertura feita pela emissora a respeito dos desempenhos de sua equipe. O técnico acusou o canal de “jogar contra o Brasil” ao utilizar estatísticas de jogos que apontavam o time como demasiadamente faltoso. Em reação à manifestação, os jornalistas da ESPN apresentaram como principal defesa o dever social do jornalismo de informar com independência. Pesquisas bibliográficas demonstraram que o clamor por uma imprensa favorável às representações esportivas nacionais está presente em outros países, como Portugal. Diante do exposto, o trabalho sugere a intensificação dos debates acerca do impacto que atitudes baseadas em um espírito de nacionalismo de ocasião podem provocar sobre os preceitos éticos do jornalismo em sua prática no Brasil.
Palavras-chave: Jornalismo Esportivo. Futebol. Seleção Brasileira. Copa das Confederações
2013. ESPN Brasil. Nacionalismo de ocasião.
Introdução
Ao longo de anos o futebol foi considerado de forma redutiva como sendo o ópio do povo.
Tal clichê faz referência à considerável propriedade de entretenimento do jogo, exercida sobre grande parte da sociedade. Segundo escreve Roberto Ramos (1984) em seu livro Futebol:
Ideologia do poder, o esporte preferido do brasileiro e todos os elementos que o envolvam, tais como programas de rádio e TV e notícias de jornal, são capazes de