Funk
Esta pesquisa tem por objetivo analisar e discutir o movimento do funk carioca na sociedade, o preconceito relacionado à esse tipo de música, suas relações com o cotidiano das áreas periféricas da cidade do Rio de Janeiro, a forma de demonstração da sexualidade dos jovens e sua possível influência em determinados setores da sociedade. Procuramos também, por meio desse trabalho, tentar traçar uma linha de comparação entre o funk carioca desde seu boom na década de 90 até os dias atuais e o início da expressão do samba em meados da década de XX, relacionando os dois movimentos e comparando-os como forma de expressão dos setores mais populares da sociedade de um modo geral.
Introdução
A matriz rítmica do movimento funk carioca vem de origem africana, que após sua chegada ao Sul dos Estados Unidos junto aos escravos africanos, aos poucos se transformou em blues, música rural que, com a migração da população negra para as grandes cidades do Norte, por volta dos anos 30, virou rhythm and blues, uma espécie de blues eletrificado. Descendente direto do soul, do rhythm'n blues e do jazz, o funk nasceu oficialmente nos anos 1960 por meio de uma invenção genial de James Brown. Cantor, produtor, compositor e irreverente performer americano, também conhecido como godfather of soul (padrinho do soul), Brown é apontado como inventor do funk graças à sua mudança rítmica tradicional de 2:4 para 1:3. Ousadia enorme em tempos de segregação racial nos Estados Unidos, levando-se em consideração que se tratava de um negro acrescentando uma base geralmente associada à música dos brancos em pleno ritmo tipicamente negro. Mas deu certo. Brown ainda adicionou metais à melodia, e estava criado o funk. Ou "funky", como muitos também diziam na época. Da mistura deste estilo com o gospel surgiu o soul, um estilo que retratava o movimento negro e sua luta contra a discriminação no período de 1940 a 1960. Conforme Vianna (1988) nesse contexto de "febre musical" norte-americana, nos