Funk
A juventude pobre brasileira está marcada por privações na esfera econômica, política e culturais, permeada pela incerteza do futuro e pelo não reconhecimento a respeito dos seus direitos. Além disso, sua representação social está impregnada de preconceitos. Neste artigo serão analisados os ‘tipos’ de cultura, em especial a que os jovens em questão se encaixam, focando o caso específico do funk carioca. Cabe ressaltar, ainda, que compreendemos a grande mídia como um equipamento social eficaz no fortalecimento de valores conservadores, logo, possui influência também no âmbito cultural. Por meio dos meios de comunicação de maior alcance nacional, se estigmatiza o jovem que gosta de funk.
1 - O TERMO ‘CULTURA’
Com relação aos conceitos de cultura e culturas, BOSI esclarece que quando falamos de cultura brasileira, no singular, parece existir uma unidade que englobe todas as manifestações materiais e espirituais da população brasileira. O autor explica que “a tradição da antropologia cultural já fazia uma repartição do Brasil em culturas aplicando-lhes um critério racial: cultura indígena, cultura negra, cultura branca, culturas mestiças.” (pag. 01). Os critérios mudam, pode-se usar da etnia para nação, e da nação para a classe social (cultura do rico, cultura do pobre, cultura burguesa, cultura operária), mas, ele sustenta que de qualquer maneira, o reconhecimento do plural é essencial. Segundo CHAUÍ, a Cultura surge como algo que existe em si e por si mesma e que pode ser comparada: Cultura superior ou Cultura inferior. Trata-se de um conceito ligado à identificação de posse de atividade artística e/ou também de conhecimentos, “a pessoa culta era a pessoa moralmente virtuosa, politicamente consciente e participante, intelectualmente desenvolvida pelo conhecimento das ciências, das artes e da Filosofia.” A autora explica que é neste sentido que muitos falam em cultos e incultos.