Fundamentos teóricos e metodológicos da educação infantil
Para apresentar esta questão vamos fazer uma breve, mas consistente incursão na história da infância. A referência para esta discussão é o importante historiador francês Philippe Ariès que na sua obra “História Social da Criança e da Família” dedica-se às concepções de criança e de família, desde a Idade Média aos dias atuais. O Educador italiano Franco Frabboni, com base na obra de Ariès, em seu texto “A Escola Infantil entre a Cultura da Infância e a Ciência Pedagógica” organiza o entendimento histórico por meio de três identidades: 1ª identidade: Criança-Adulto ou Infância Negada – séculos XIV, XV. 2ª identidade: Criança-Filho-Aluno ou a Criança-Institucionalizada – séculos XVI, XVII. 3ª identidade: Criança-Sujeito Social ou Sujeito de Direitos – século XX.
1ª) “A criança-adulto” ou a infância negada Philippe Ariès foi buscar nas artes e na literatura da idade medieval a idéia que prevalecia sobre a criança e a infância. “Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”. (ARIÈS, p.50). Afirma ainda o autor que as crianças eram desenhadas como o adulto em escala menor, com músculos e feições de adultos. É difícil imaginar a existência de um sentimento de infância na sociedade medieval. A criança era ao mesmo tempo um mistério (“escondia uma natureza sagrada que o homem não podia profanar”) e um ser sem humanidade, sem conceito social preciso ( “humanidade na lista de espera, como planta imperfeita”) que só se tornaria pessoa se “jogada e abandonada” precocemente na sociedade dos adultos. As crianças morriam em grande número pelas precárias condições de higiene e saúde, e as que sobreviviam, se