Fundamentos das ciências sociais
FRAGMENTO 1:
“E, segundo eles diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia. Eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoada altura; todas duma só peça, sem nenhum repartimento, tinham dentro muitos esteios; e, de esteio a esteio, uma rede atada pelos cabos, alta, em que dormiam. Debaixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma num cabo, e outra no outro. [...] Diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes davam de comer daquela vianda, que eles tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem.” (Pero Vaz de Caminha) * Como se pode observar por intermédio da epígrafe em questão, em seu manuscrito quinhentista o escrivão oficial da frota de Pedro Álvares Cabral, Vaz de Caminha, registra que dois degredados adentraram o sertão por uma légua e meia até se depararem com uma povoação indígena, “em que haveria nove ou dez casas, as quais eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia”. (CAMINHA, 2001, p. 9) No relato, o escrivão Caminha acrescentaria que as construções de madeira eram cobertas de palha sem repartimento e que, em cada morada, havia muitos esteios; “(...) e, de esteio a esteio, uma rede atada pelos cabos, alta, em que dormiam. Debaixo, para se aquentarem, faziam seus fogos” (Idem, ibedem).
* Ainda de acordo com o documento enviado a El Rey de Portugal, Dom Manuel, deparamo-nos com a menção de que “em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas (...); e que lhes davam de comer daquela vianda, que eles tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem” (CAMINHA, 2001, p. 10). Historicamente, a escritura de Pero Vaz de Caminha se configura como a primeira descrição do habitat dos