FACULDADE DE DIREITO DE CONSELHEIRO LAFAIETE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA APOSTILA I1 I. Elementos etimológicos e semânticos 1.1. Filosofia Dentro das pesquisas que o ser humano é capaz de fazer utilizando-se de sua inteligência, a pesquisa pelo sentido último de todas as coisas é a que mais provoca o raciocínio do ser chamado de zoón logikón. O perguntar “O que é isso?” não corresponde a uma mera curiosidade intelectual, mas, a fortiori, corresponde a uma exigência premente a todo aquele que não se contenta com superficialidades, tecnicismos, ou opiniões ausentes de embasamento. A busca do saber das coisas em sua profundidade é própria do pensar humano, e a procura do sentido é a expressão maior da aspiração intelectual que supera todo tipo de saber artificial ou epidérmico. A Filosofia colabora, insistentemente, para que a exigência do saber tenha um caminho a prosseguir e, deste modo, conseguir seu objetivo. Desde muito, na Grécia que supera o mythós pelo discurso racional e organizado, o lógos2, a Filosofia, amor pelo saber do saber, é instrumento hábil que garante a cada humano a possibilidade de ir além da mera aparência ou das dóxai: a filosofia tornou possível a ciência e, ao mesmo tempo, gerou a consciência no ser humano da sua capacidade de fazer uso de sua razão, uso de seu entendimento3. De acordo com a etimologia da palavra, Filosofia vem de dois substantivos gregos: filo (amor, comparado ao amor entre amigos) e sophía (sabedoria, saber). Segundo antiga tradição, o criador deste termo foi Pitágoras de Samos (séc. V a.C.), em preferência ao termo sóphos, sophista4. Preferia ser chamado de “amigo da sabedoria” (filo\v te\v sofh/v). Sobretudo por Pitágoras, o termo filosofia tinha todo um caráter religioso, algo muito forte na Grécia, e pressupunha, de alguma maneira, que a humanidade só seria capaz de conhecer se “participasse” do conhecimento dado como dom pelos deuses, mormente Palas Atena, deusa da sabedoria. Entretanto, a filosofia não é simplesmente amor