A partir da conferência de Berlim, a corrida ao continente africano foi acelerada, num gesto de violência geográfica por meio da qual quase todo o espaço recortado ganhou um mapa para ser explorado e submetido a controle. A demarcação das fronteiras prosseguiu, estendendo-se até depois da Primeira Grande Guerra. À Conferência de Berlim seguiram-se os tratados bilaterais europeus para efetivar alguns acertos complementares à grande partilha.Apesar deste conjunto de tratados, algumas faixas limítrofes permanecerem mal conhecidas durante todo o período colonial, uma vez que as potências européias não tinham interesse em fomentar ou mesmo alimentar conflitos fronteiriços. Ainda hoje, há fronteiras que não foram demarcadas, em especial as marítimas, onde quase tudo está para ser resolvido. Mas essa observação não impede reconhecer que uma das consequências políticas do processo de partilha, estabelecido na Conferência de Berlim, e da formulação de tratados que a complementaram foi criar as condições necessárias para que a conquista do continente africano tivesse uma base legal para se efetivar. Como bem se sabe em nome da lei e da ordem, utilizando-se de mecanismos e instrumentos administrativo-jurídicos, as potências européias mantiveram fronteiras impostas.Quase um século depois, as elites políticas á frente dos movimentos de independência africanos, por sua própria natureza, suas condições de formação e desenvolvimento, poucas vezes colocaram em discussão o desmantelamento das fronteiras coloniais, mesmo cientes de que estas não correspondiam á racionalidade das culturas africanas, abrindo espaços para vagas migratórias decorrentes de catástrofes naturais, conflitos armados ou mesmo como consequência de perseguições políticas e religiosas. Assim, confirmados pelos Estados Nacionais, o traçados das fronteiras coloniais permanecem, no seu conjunto, até os dias de hoje, por vezes potencializando uma série de conflitos de intensidade variável que, rompendo os limites