Fronteiras Africanas

Hegel, em sua obra “Filosofia da História”, afirmava que a África não era um continente histórico por não demonstrar nenhum tipo de mudança ou desenvolvimento. Migrações de tribos e etnias bárbaras em lugares remotos, sem qualquer tipo de influência sobre as demais regiões, não eram consideradas dignas de qualquer tipo de valorização. A África pré-colonial realmente era um território de más condições para a presença dos seres humanos, tanto que apresentava uma baixa densidade demográfica, um bom exemplo disso é a África subsaariana, situada ao norte do continente, a qual representa 18% da superfície do planeta, e sempre foi habitada de maneira bem espalhada, sendo um dos motivos da dificuldade de extensão da autoridade central do governo de controlar todos os grupos dentro das fronteiras. O papel do território e das fronteiras é considerado fundamental para a formação da identidade da comunidade que habita uma determinada região, no entanto, na África, o território não era fator de unidade. Embora a extensão das fronteiras tenha sido a preocupação de alguns governantes pré-coloniais, a natureza da autoridade era bem diferente.
Porém, o que Hegel deveria levar em conta é que antes da chegada dos colonizadores já existia um estereótipo de civilização no continente africano, contudo, esse conceito de civilidade foi sempre baseado na visão ocidental de mundo, que possui um sistema divergente aos habitantes da África. Dado ao fato colonial, não houve a existência de uma “África tradicional”, com suas particularidades sociais, econômicas e culturais. O tal “etnocentrismo” deixou um pré-conceito de que uma civilização só seria reconhecida se fosse definida pelas leis do Estado Moderno. Nos dias de hoje as sociedades africanas são conceituadas como estados weberianos – apesar de estarem em constante desordem – porém, isso não significa que anteriormente elas não possuíam modos de organização.
A definição do conceito “Estado” era irrelevante para os africanos, pois o