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I. A PREOCUPAÇÃO COM A JUSTIÇA NA VIDA DE PLATÃO
Sócrates, Platão e Aristóteles são tanto o ocidente do oriente e como o oriente do ocidente. Com Sócrates, Platão e Aristóteles clareia de vez o dia histórico do pensamento – o dia do qual nós hoje somos o ocaso. Cessa o lusco-fusco da aurora: o mito já não ressoa; a experiência trágica da vida cessa com as grandes tragédias; o pensamento dos pensadores iniciais, como Heráclito e Parmênides, imerso na admiração da natureza, é submetido ao crivo da crítica. O pensar se torna, então, filosofia: o exercício da racionalidade, que ascende para uma luz sem sombras, a claridade de Apolo.
Platão (c.428 – 348 a.C) nasceu de uma rica e aristocrática família ateniense. Sua educação inicial girou em torno da gramática, da ginástica, da pintura e da poesia. Sua iniciação filosófica se deu junto a Sócrates, de quem Platão foi aluno por cerca de 8 anos. O processo e a morte de Sócrates, em 399 a.C., deixariam uma marca profunda na sua alma. Depois da morte de Sócrates, Platão procurou o filósofo Euclides de
Mégara. Participou de duas ou três expedições militares. Fez viagens ao sul da Itália, em visita a filósofos pitagóricos. Também foi ao Egito, dialogar com os sacerdotes. Mas as viagens mais importantes de Platão foram a Siracusa, na Sicília. A primeira viagem fez quando tinha 40 anos (em 388 a.C.). Platão se tornara amigo de Dion, cunhado do tirano Dionísio I. Depois de um desentendimento com o tirano, Platão é preso e vendido como escravo. Descoberto casualmente, porém, por um amigo, é resgatado e posto em liberdade. Em seguida, funda uma escola no monte Academos, a Academia.
É então que começa a escrever a sua obra principal: a Politéia (República). No ano de
367 morre Dionísio I e Dion convida Platão para educar o príncipe herdeiro Dionísio II.
Aceita o convite, mas, novamente, vem a decepção. Dionísio II acusa Dion de querer tomar o poder e o expulsa de Siracusa, o que