Freud Além da Alma

Até a atualidade pessoas que sofrem de neuroses ou histeria são estigmatizadas por sua sintomatologia, os quais são associados a sintomas criados espontaneamente para negar uma realidade. Esta ideia era ainda mais forte no século XIX, onde a medicina configurava-se apenas no que era visto, palpado, medido, ou seja, uma medicina pautada no Ser biológico, o qual não sofreria influências do psíquico.
Qualquer manifestação que não apresentasse explicação palpável era tida como feitiçaria e não era digna de atenção médica.
Foi nesse contexto que se narrou o filme “Freud Além da Alma” (1962), uma trama impressionante, ainda mais para a época em que foi produzida, na qual se mantém a expectativa do início ao fim sobre as descobertas de Sigmund Freud. Freud foi médico, psiquiatra, neurologista e acima de tudo, um curioso. Esta curiosidade o levou a observar, refletir e iniciar os estudos do inconsciente (hoje nomeada psicanálise), buscando explicações (não anatômicas) para os conflitos existentes nas pessoas e em si próprio. O filme retrata um Freud recém-formado intrigado com as limitações (a seu ver) de um Hospital de Viena gerenciado pelo Dr. Meynert, o qual não aceitava tratar pacientes sofrendo de histeria. Afirmava que o oculto do ser humano (inconsciente) não deveria ser despertado. Esta passagem no filme é simbolizada por escorpiões guardados em uma caixa, mantida no escritório do Dr. Meynert. Essa relutância por parte de
Meynert talvez se desse porque o mesmo não desejasse descobrir quais mistérios estavam adormecidos em si mesmo; talvez temesse ser curado (já que prestes a morrer, revelou sofrer de neurose).
Freud, então, busca outros ensinamentos. Vai ao encontro de Dr. Charcot, com quem aprende a técnica da hipnose, revelando que sintomas de doenças podem desaparecer temporariamente ao simples comando à pessoa hipnotizada, contudo, regressam ao despertar. Prova-se, de tal modo, que a causa dos sintomas não é fisiológica e não é farsa,