Franz Marc
Encontram-se, na Índia, estátuas de gatos ascetas que representam a beatitude do mundo animal (Kramrisch); mas o gato é também, ao contrário, a montaria e a aparência exterior assumida pela iogini Vidali. Na China antiga, o gato era considerado mais como animal benfazejo, e sua postura era imitada nas danças agrárias, assim como a do leopardo (Granet). (...)
O Egito antigo venerava, na figura do gato divino, a deusa Bastet, benfeitora e protetora do homem. Numerosas obras de arte o representam com uma faca numa das patas, decepando a cabeça da serpente Apófis, o Dragão das Trevas, que personifica os inimigos do Sol e que se esforça por fazer soçobrar a barca sagrada, durante sua travessia pelo mundo subterrâneo. Neste caso, o gato simboliza a força e a agilidade do felino, postas a serviço do homem por uma deusa tutelar a fim de ajudá-lo a triunfar sobre seus inimigos ocultos. (...)
Na tradição muçulmana, o gato (qatt) é considerado como um animal basicamente favorável, salvo se for preto. De acordo com a lenda, como os ratos incomodassem os passageiros da Arca, Noé passou a mão na testa do leão que espirrou, lançando fora um casal de gatos; esta é a razão pela qual esse animal se assemelha ao leão. O gato é dotado de baraka. Um gato completamente preto possui qualidades mágicas. Dá-se sua carne a comer para ficar livre da magia; se o baço de um gato preto for pendurado bem junto do corpo de uma mulher menstruada,