Francisco Sa Carneiro
Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1956, exerceu de seguida no Porto a profissão de advogado. Em 1969, no início da chamada Primavera Marcelista, foi eleito deputado à Assembleia Nacional pelas listas da União Nacional, o partido único do regime salazarista. Convertendo-se em líder da chamadaAla Liberal da Assembleia Nacional, dado que nesta apenas o partido único estava representado, desenvolveu diversas iniciativas tendentes à gradual transformação da ditadura numademocracia típica da Europa Ocidental. Colaborou com Mota Amaral na elaboração de um projecto de revisão constitucional, apresentado em 1970. Não tendo alcançado os objectivos aos quais se propusera, viria a resignar ao cargo de deputado com outros membros da Ala Liberal, entre os quais Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota.
Foi durante esses anos, na cidade do Porto, sua cidade natal, que o futuro Partido Popular Democrático teve a sua génese, fruto do diálogo de Francisco Sá Carneiro com amigos e colegas dos meios republicanos do Porto, como Miguel Veiga, Artur Santos Silva (pai) ou Mário Montalvão Machado. Sá Carneiro professava o republicanismo e a laicidade como as formas de organização estrutural do Estado Português, como refere na célebre entrevista de 1973 concedida a Jaime Gama no jornal República: " Os conceitos de catolicismo progressista e de democracia cristã são bastante equívocos para mim – e não aceito enquadrar-me em qualquer deles. Entendo que os partidos políticos – que considero absolutamente indispensáveis a uma vida política sã e normal – não carecem de ser confessionais, nem devem sê-lo. Daí que não me mostre nada favorável, nem inclinado, a filiar-me numa democracia cristã. É evidente que a palavra pode não implicar nenhum conceito confessional e nesse sentido apresentar-se apenas como um partido que adopte os valores cristãos. Simplesmente, em política, parece-me que os valores não têm que ter nenhum sentido