Fosfogesso
Um subproduto da indústria de fertilizantes deverá substituir o cimento convencional em um futuro bem próximo. Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ciências e Engenharia de Materiais da USP desenvolveram uma série de testes com o fosfogesso, um gesso de origem química, gerado no processo de fabricação de fertilizantes, em que a rocha fosfática é atacada por ácido sulfúrico. E chegaram a conclusão de que a construção civil e o meio ambiente têm muito a ganhar com a novidade.
Na USP de São Carlos, foi desenvolvido um método que utiliza esse material para produzir elementos cerâmicos (blocos para construção civil) com uma resistência que atinge até 90 megapascal (MPa) - unidade de resistência à compressão. Como efeito de comparação, os concretos de alto desempenho têm em média uma resistência de 50 MPa. O produto deve passar por um pré-tratamento (desidratação), onde é aquecido para chegar à condição hemihidratada.
“O tempo em que o fosfogesso fica sob pressão é curto (alguns segundos) e, em seguida, o material pode ser retirado dos moldes para secagem e uso, o que leva em torno de 30 minutos”, destacou Wellington Massayuki Kanno, aluno do projeto.
De acordo com o professor Milton Ferreira de Souza, coordenador do programa, os produtos gerados a partir do fosfogesso serão de grande utilidade na construção de habitações populares, porque permitirão maior rapidez e menos tempo de acabamento. “A tecnologia já está consolidada. Parcerias e investimentos poderão facilitar a entrada do produto no mercado”, completou.
Tanto o gesso quanto o fosfogesso são materiais que causam um impacto ambiental menor do que o cimento, além de serem de fácil reciclagem. Só para se ter idéia, a cada tonelada de cimento produzido são jogadas três toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.
A substituição do cimento pelo fosfogesso, cujo custo é baixo, deverá amenizar o déficit de habitações no Brasil, o que também contribui para o desenvolvimento