forças
MINHA HISTÓRIA
Marivaldo de Castro Pereira, 31
(…) Depoimento a Uirá Machado
Às vezes, voltando da escola com os colegas, eu encontrava meu pai caído no caminho de casa, bêbado. Isso dava muita vergonha.
Meu pai tinha problema com álcool, batia na minha mãe. Ele torrava tudo com bebida e não deixava minha mãe trabalhar. Às vezes a gente tinha que pegar resto de comida no fim da feira.
Tudo isso aconteceu já em São Paulo, mas eu nasci em Brasília. Meus pais são de uma cidade chamada Correntina, no interior da Bahia.
Eles vieram para Brasília em 1977 em busca de emprego, e eu nasci dois anos depois. Meu pai começou a trabalhar como pedreiro. Quando tiveram o quarto filho, a vida ficou difícil, então eles decidiram tentar São Paulo. Eu tinha quatro anos.
Meu pai conseguiu um barraco num terreno em Pirituba [periferia de São Paulo]. Era um barraco mesmo, de madeira, precário. Eu só fui morar numa casa de alvenaria depois que meus pais se separaram e me mudei com a minha mãe para o Jaraguá [também na periferia de SP].
Eu tinha oito anos. Minha mãe começou a trabalhar de diarista para sustentar os quatro filhos. Ela sempre foi trabalhadora e colocava a gente em primeiro lugar.
TRABALHO
Comecei a trabalhar com nove anos, na feira. Foi um período bacana, porque eu tinha autonomia para comprar alguma coisinha.
Eu trabalhava e estudava. Minha mãe nunca admitiu que a gente não estudasse. Todos os meus irmãos conseguiram concluir o ensino superior. Minha mãe é bem orgulhosa — ela só completou ensino básico e médio quando eu já estava na faculdade.
Como eu estudava em escola pública, não tinha perspectiva de entrar em uma universidade. Tinha professor que dizia: “Vai tentar a USP? Esquece, compra um jeans que é mais vantajoso”.
Antes da faculdade, trabalhei numa