Formação do mundo contemporâneo
O patriarca dos Gounon é Joseph, rico comerciante; nascido em Toulouse em 1725, ascendeu à nobreza através de da magistratura municipal e da compra de uma senhoria. Após o casamento ritual com uma jovem de uma família de magistrados que também haviam ocupado cargos municipais, tem o direito de chamar-se monsieur de Gounon, senhor de Loubens. Tendo enviuvado muito cedo, Joseph de Gounon não se casa de novo e dedica boa parte de seu tempo livre à educação dos três filhos. Manifesta gostos esclarecidos (que partilha e discute com os irmãos e amigos) pelas ciências naturais, também demonstra autêntica curiosidade científica por agronomia, meteorologia e economia, matérias relacionadas com a minuciosa gestão de seu patrimônio e com suas funções oficiais. Como resultado previsível do desenvolvimento intelectual e de uma comprovada competência como administrador, Gounon revela um interesse sempre renovado pelos negócios públicos, em grande parte resolvidos em Versalhes; graças ao irmão, está bem posicionado para conhece-los; como deputado da cidade, havia participado em Narbonne da Assembléia dos Estados de Languedoc. Joseph de Gonoun não deixa de ser ex-capitoul e um senhor obstinado que acaba de renovar seus direitos senhoriais através de um especialista em direito feudal e de lutar na justiça para impor respeito a seu direito de caça; equivale a dizer que encara a primeira Revolução numa expectativa repleta de curiosidade, mas também na continuidade de seu ser. Revela-se a preocupação dos proprietários ameaçados em várias frentes pela abolição dos direitos feudais, seguindo-se a circulação dos assignats e a reforma do sistema fiscal. Pouco a pouco se retiram da vida pública; observadores atentos, por certo, mas distantes e desejosos principalmente de que a Revolução logo chegue ao fim. Com a guerra e a queda da monarquia a revolução se radicaliza e