Fome urbana e rural, candomblé urbano e rural.
por Maurício Ferreira dos Santos.
Democratizar para melhorar.
São Paulo um estado considerado como urbanizado, porém mantenedor de uma área rural considerável entre lavouras agrícolas e agropecuárias. Por outro lado há em São Paulo, aproximdamente, 74 mil terreiros entre umbanda e candomblé, a maior parte dos quais concentrados na região do Grande ABC e na Baixada Santista e nos interiores por extensão. O Candomblé em S. Paulo existe há 70 anos, trazido por Julita Lima dos Santos, a Mãe Manudê, da cidade de Propriá, Sergipe, e o Terreiro mais antigo é o Terreiro Santa Bárbara, que fica na Rua Ruiva, 90, na Vila Brazilândia, Zona Norte de S. Paulo – capital.
Como em São Paulo há em outros estados brasileiros um movimento urbano de terreiros de religiões de matriz africanas que, de certa forma, tem um processo histórico rural, no sentido de caracterizarmos tais terreiros do século passado situados nas áreas rurais e, deslocados pelo consorcio histórico do desenvolvimento da nação para o espaço urbano. Entretanto a fome que no imaginário da população brasileira se concentra apenas nas regiões nordestinas mostra suas variantes nas regiões urbanas de Leste a Oeste do Norte ao Sul. Mas quando vivenciamos a fome em sua forma pratica notamos nos centros urbanos das capitais do Brasil crianças de rua, moradores de rua, eprincipalmente nos morros e nas favelas as crianças e os idosos são alvos tangíveis que se concentram nas áreas periféricas e metropolitanas, frequentemente, as vítimas da fome estão cercadas de algum terreiro de matriz africana.
“Muitas vezes, me recordo de ter feito refeições em terreiros, quando me lembro do passado de minha infância e adolescência ao invés de igrejas ou orfanatos.” Me lembro de um momento inesquecível que descobri a essência do nkisi e das relações de subsistência, quando a fome me invadiu estava eu na porta de um terreiro – quando aquela senhora que futuramente foi minha mãe