FOLHAS SECAS
De repente, uma folha seca toca os meus cabelos captando a minha atenção, observo-a cair lentamente e ao chegar ao chão junta-se a tantas outras que se espalham ao seu redor, centenas, milhares delas.
E no alto o zunir das folhas que se roçavam tocadas pelo vento frio, como num ensaio natural de uma melodia do outono.
E lá, num canto mais distante uma velha vassoura de piaçava e uma pá de plástico compunham o cenário daquela tarde fria no pátio Uma vassoura, uma pá, um grande saco plástico vazio, um nada prá fazer, então, uma grande idéia, unir o útil ao nada prá fazer.
E lá estávamos nós, eu e o Ed. O Ed, com seus dois anos mal completados, de vocabulário tímido e de frases com o máximo de duas palavras, mal pronunciadas. Fazíamos montes de folhas secas, eu com a vassoura e o Eddie com os olhos dispersos. Por um instante ofereci aquela limpeza do pátio à Deus como gratidão por todas as Suas interseções em minha vida.
Os minutos foram passando, enquanto pequenos montes de folhagens se formavam.
Num ato inusitado, espontaneamente, flagrei o Eddie com a pá que mal conseguia manusear, na tentativa de enchê-la com as folhas amontoadas. Após várias de suas tentativas frustradas, deixei o engraçado de lado e por bem, achei melhor incentivá-lo, para que não desistisse de seus intentos. Com a ajuda da vassoura enchi a pá com folhas secas, então, ele sorriu e quão surpreendentemente a levou ao saco plástico e a despejou. Envaidecido sorri, embora a maior parte das folhas tivesse caído fora do saco. Tudo bem, o resultado era o que menos importava. E o mesmo ato se repetiu, e assim, sucessivamente. E como o treinamento traz a perfeição, com mestria ela já o fazia, deixando cair só metade das folhagens.
E assim, passamos aquele tempo de espera.
Ao volante do