resposta à pergunta, conforme o autor, provavelmente seria variado: raiva, ojeriza, desprezo e enfim, rebeldia. E acrescenta ainda que se houvesse uma tribo inimiga, seria o momento de considerar uma traição. Provavelmente, o leitor que se permitisse vivenciar a situação das personagens da história, voltaria a se agrupar com os companheiros do avião, que a essa altura estariam enfrentando a mesma situação, e acabariam constituindo uma espécie de tribo na tribo, outorgando-se mutuamente o reconhecimento que a sociedade parece temporariamente negar a todos, esse raciocínio parece explicar os motivos do período conturbado que é a adolescência, que além de coincidir com as alterações fisiológicas decorrentes da entrada na puberdade, coloca o jovem diante de um período de suspensão, onde não encontrando o reconhecimento como adulto na sociedade, vai buscá-lo com seus pares, tudo perfeitamente visualizável no dia-a-dia e quem se permitir lembrar-se de si mesmo nessa fase, vai achar que faz sentido. O autor afirma que a imposição dessa moratória já seria razão suficiente para que a adolescência assim criada e mantida fosse uma época da vida no mínimo inquieta. O jovem aprende os valores agradáveis à sociedade e entre eles o ideal da independência e quando está preparado para exercê-lo a moratória lhe veta esse ideal, condenando-o a ser dependente por mais algum tempo. Outro paradoxo é a frustração em função da moratória e a imposição que ele seja feliz, pois a idealização que sofre a adolescência a descreve como um momento de muitas felicidades. Junta-se a tudo isso a incerteza decorrente do saber quando inicia a adolescência e o não saber quando termina. Segundo Calligaris, a adolescência é uma criação relativamente nova, fruto de nossa época, e essa criação passa a ser problema quando o olhar dos adultos não reconhece nos jovens os sinais da passagem para a idade adulta. O adolescente olha para si no espelho e constata que não é mais criança e para crescer