Fluidos

FIM DE Noite De Fernando Fázzeri

Ato único
Uma sala escura e silenciosa. Poucos móveis. Cláudio, um homem dopado de aparência madura, apenas com uma calça jeans, está sentado em uma cadeira. Do lado esquerdo da cena, suas mãos ás costas da cadeira. Tem o olhar desacreditado e sua respiração parece um tanto cansada-é, como se estivesse ali há horas. Do lado direito da cena está Laura sentada frente a um espelho, parece tranqüila, como se nada ao redor a importasse. Usa um vestido vermelho de noite. Passa seu batom com ar de soberba e extrema frieza; bate o pó no rosto, passa lápis nos olhos, etc. É um ritual diário. A cena inicia-se com a luz sobre Laura dando corda em uma caixinha de musica, onde se vê uma bailarina. Ela observa atentamente a bailarina girar e aos poucos começa a se maquilar. A luz vai abrindo sobre Cláudio que está cabisbaixo sobre a cadeira, sua fisionomia é totalmente contraria a tranqüilidade de Laura. A Bailarina pára...
Cláudio: Ainda não consigo compreender como pude me deixar levar por essa situação (pausa) O calor desse sentimento vazio arrepia minha alma. Sinto-me perdido nesse labirinto brutal e cruel que se tornou a sua presença (silêncio) Aposto que nesse momento os seus pensamentos estão perdidos nas diversas maneiras que encontrou para terminar com isso...
Longa Pausa
Laura: Ainda neste instante, eu me sinto bem. Completamente. Mal sinto meu coração batendo no peito- ao contrário de você (insípida) Posso sentir daqui sua respiração latente, o seu sangue correr rápido pelas veias e sinto um coração que pulsa com uma intensidade assustadora...
Cláudio (Abismado): Por quê? Por quê? Não compreendo sua frieza. Meu suor frio e desesperado já não lhe basta? Minha respiração está cada vez mais ausente... Meus pulmões já não se cumulam mais do perfume embriagador do seu desejo...
Laura (Ri. Sarcástica) Desejo? Ele nunca existiu. Estou totalmente convicta e sempre estive