Florence
Autores: Ruth Guinsburg Livre Docente; Professora Titular da Disciplina de Pediatria Neonatal do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo Amélia Miyashiro Nunes dos Santos Livre Docente; Professora Associada da Disciplina de Pediatria Neonatal do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo
Correspondência: Ruth Guinsburg: neonatal@unifesp.br
Conflitos de interesses: Nada a declarar
Fonte financiadora: Ausente
São Paulo, 20 de dezembro de 2010
1. INTRODUÇÃO O presente documento científico visa atualizar o pediatra quanto a aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos de uma doença que deveria não mais ocorrer nos recém-nascidos brasileiros, a sífilis congênita. Trata-se de uma infecção congênita modelar, no sentido de que existem métodos de prevenção efetivos, com custo benefício amplamente positivos, desde que a assistência pré-natal à gestante tenha cobertura e qualidade adequadas. Assim, a revisão do tema a seguir não pretende esgotar o assunto, mas dirige-se a aspectos práticos da abordagem ao recém-nascido de risco para a aquisição da sífilis congênita, no contexto de dados epidemiológicos sobre a contribuição dessa infecção para a mortalidade perinatal, no mundo atual.
2. EPIDEMIOLOGIA Após o advento da penicilina em 1943 e a melhoria dos cuidados de saúde à população, a sífilis, tanto adquirida quanto congênita, diminuiu sua incidência de maneira tão abrupta que se chegou a prever, na década de 60, a erradicação total da doença ao final do século XX. No entanto, parece verdadeira a observação de que, quando um programa de controle de uma doença aproxima-se de sua erradicação, é mais provável que o programa, e não a doença, seja erradicado. Schmidt et al estimaram, em 2007, que a sífilis